O Nilo regozija-se


Oh Egípcios,
Tereis de repetir todos os anos
Eternamente
A agrimensura dos vossos campos
Enquanto eu transbordar com as chuvas
E não me sustendo no meu leito
Invadir embriagado as vossas culturas.

A vossa parca aritmética
Apesar de sábia
Não contempla
Os meus orgasmos de Inverno.

1 comentário:

  1. Chegam a parecer ameaça as palavras deste rio, imagem perfeita do fluir do tempo, cíclico, em estações onde se repetem e se reencontram destinos, emaranhados nas voltas que o mundo dá.
    Retorna sempre a ejaculação fertilizante deste rio que não se contém no leito.
    Está bem visto. Um rio fértil como este só poderia cumprir a sua missão através do orgasmo, poderoso mas raro, só no Inverno. À escala humana pode parecer pouco. Mas para quem vive a eternidade até nem é mau.
    Belíssimo poema, Zé Carlos.
    Parabéns e boas férias.
    Abraço
    CQ

    ResponderEliminar